sábado, 23 de março de 2013

Cabral invade a aldeia: É assim que se faz uma Copa?, por Chico Alencar*


Marx escreveu que “a história só se repete como tragédia ou como farsa”. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os “conquistadores” contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!

Por Chico Alencar*

Não, não estamos em 1500. O fato truculento se deu há pouco, no Rio. Mais de 200 PMs, apoiados por carros blindados e helicóptero, desalojaram indígenas que ocupavam há anos o antigo Museu do Índio, no Maracanã.

O prédio público se tornara “ruína dirigida”, para a prevalência de interesses da especulação imobiliária e dos negócios privados – entre eles, o assumido pelo governo do estado, de ali fazer um… estacionamento! Esse projeto nem a Fifa, argentarista como é, segurou! Graças à tenaz ocupação, o governo teve que recuar e prometeu preservar o imóvel. Mas não aceita a proposta de criar ali um Centro de Referência das Culturas Indígenas, muito menos de vê-lo ocupado por representantes de povos originários.

A Justiça injusta concedeu reintegração de posse para quem nunca zelou pelo local. E a Polícia de Cabral não cumpriu integralmente o acordo mediado com parlamentares do PSOL e um procurador da República: invadiu o prédio antes mesmo dos 10 minutos solicitados para um ritual de finalização da ocupação.

Às centenas de pessoas que apoiavam, extra-muros, a boa causa, a tropa de choque distribuiu bombas, balas de borracha, gás pimenta e prisões, perseguindo os manifestantes pela rua afora.

Com uma ânsia de bater que, entre outras anormalidades, pode refletir não apenas o despreparo, mas também as condições de trabalho impostas pelo governo cujas ordens seus soldados são tão violentamente fiéis em obedecer (“o opressor introjeta seus valores no oprimido” – Paulo Freire).

Marx escreveu que “a história só se repete como tragédia ou como farsa”. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os “conquistadores” contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!
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*Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL/RJ.

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