segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

#FORARENAN

Por Maiara Marinho;



     Hoje em Pelotas o PSOL esteve presente em uma atividade um tanto quanto convidativa. Evento nacional divulgado no Facebook, o #FORARENAN organizou, pelo menos, 20 pelotenses que manifestaram o seu descontentamento nas ruas da cidade.
      O trajeto foi iniciado no Mercado Público, tendo continuidade na Fernando Osório até a Avenida Bento Gonçalves com parada no Altar da Pátria onde colamos nossos cartazes para que quem não estivesse no ato pudesse perceber que há pessoas inconformadas e decididas a lutar por uma política limpa e democrática.
    Mesmo reconhecendo que a cidade aos domingos é pouco movimentada não se pode deixar de perceber que a percepção de que a corrupção causa ainda é muito limitada, isto é, as pessoas acreditam que a corrupção é só o roubo de dinheiro público, mas esquecem das consequências que são desastrosas e causam problemas no Brasil que só poderão ser revertidos com muito trabalho e, ainda assim, os resultados só serão evidentes daqui algumas décadas. Além disso, a realidade que os pelotenses vivem é muito distante da realidade do morador de favela no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo. Com isso, não fica evidente a violência que maltrata a pessoa por ela ser negra, pobre, homossexual e isso se reflete diretamente nos preconceitos. Além disso, as oportunidades são direcionadas a quem tem chance de ingressar na Universidade e mesmo que as políticas públicas ofereçam muitos investimentos e benefícios que incentivam o estudante, ainda não há um incentivo e um benefício para o pobre que desde cedo falta à escola por precisar, necessariamente, ajudar no sustento da família. 
   A corrupção não é só desvio de dinheiro, ela é o alimento de um sistema que explora e só se mantém explorando pobres e miseráveis para darem continuidade, pois a pobreza dá lucro. Ela é tão devastadora que não oferece mobilidade social para a maioria dos brasileiros, o que aumenta a criminalidade, a intolerância e a falta de estímulo pela vida. Não é vergonhoso se manifestar, pelo contrário, é para quem tem coragem de lutar diante de todos os empecilhos, sem medo, objetivando um resultado. Sem isso, é inútil reclamar. Como diz Chico Buarque: "Ouça um bom conselho que lhe dou de graça. Inútil dormir que a dor não passa. Espere sentado ou você se cansa. Está provado: quem espera nunca alcança".

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

08 de março é dia de rua, lugar de mulher é na luta - Atividade das mulheres do PSOL Pelotas


Não dá para perder: conferências de Slavoj Zizek e David Harvey

Por Roberto Robaina, Presidente da Fundação Lauro Campos



"Um amigo de Zizek, mais velho que ele, e creio que um dos muitos inspiradores de sua obra, o filósofo marroquino-francês Alain Badiou, falava em quatro dimensões que uniam o desejo da filosofia e o desejo da revolução. Ele dizia, citando Rimbaud, que a filosofia era uma revolta lógica. Uma revolta lógica porque combina o desejo da revolução com o desejo da racionalidade. Uma revolução no pensamento e na existência, individual e coletiva. As quatro dimensões citadas por Badiou são o desejo da revolta, o desejo da lógica, o da universalidade e o do risco. Um revolucionário deseja que o povo se levante, se erga, mas quer que isso seja feito de modo racional e eficaz, não quer a barbárie e a mera fúria. Neste sentido exige uma forma de lógica histórica. Ele quer que seja um processo universal, internacional, não fechado em objetivos nacionais, raciais e religiosos. Por fim ele assume o risco de sua posição. Então, na ligação com a revolução, a filosofia não é um mero exercício abstrato. Já com Platão tratava-se de defender o diálogo, a linguagem, o direito à argumentação. Com Hegel e Marx a dimensão da revolução ganha escala. Quem puder ir, não pode perder a conferência de Zizek “ De Hegel a Marx…e de volta a Hegel! A tradição dialética em tempos de crise”

São estes tais de tempos interessantes. Seguindo os argumentos de Badiou, o mundo contemporâneo, e falando aqui, sobretudo, do mundo ocidental, tem vários obstáculos e pressões contra desejos da revolução e da filosofia que mencionamos antes. Tal mundo é hostil à revolta. Ele nos diz que já temos a liberdade, que as mudanças devem ser graduais ou que devemos confiar que elegendo um presidente é suficiente. Nada de mudanças bruscas. Esta é sua disposição opressiva, impedir estas mudanças. Nada mais claro de que se trata de uma estrutura de poder que quer derrotar o pensamento dialético. Como está estruturada, apesar de muita ciência e tecnologia, nossa sociedade também é contrária à razão e à lógica. Sua dimensão é a dimensão ilógica da comunicação atual, deste aparato material, esta organização material de TV, rádio, Internet, dedicado ao esquecimento imediato, a um espetáculo sem memória, um presente perpétuo. O terceiro obstáculo é contra a verdadeira universalidade, já que nosso mundo tem apenas o dinheiro como forma material de universalidade, o equivalente geral definido por Marx. O resto é divisão de trabalho, especialização produtiva, fragmentação. Finalmente, contra o risco, somos ensinados a buscar segurança sempre, desde o início a segurança profissional, a necessidade do cálculo da segurança. Concordamos com todos estes bons argumentos de Badiou.

Mas desde 2011, com a revolução árabe, a chamada primavera que ainda segue seu curso, a pauta da revolução foi retomada com mais força num mundo ainda, é claro, dominado pelo capital. A irracionalidade deste domínio é enorme e tem armas eficazes. Mas mesmo os obstáculos de Badiou em alguns momentos são capazes de inverter o jogo, de contribuir para que saia o gênio da lâmpada.  Assim, a internet, embora não poucas vezes jogue contra a reflexão mais profunda, a reflexão do texto que exige mais tempo de leitura, mais profundidade, foi usada para que os ativistas adquirissem um nível de conexão nunca antes vista. Não foram poucas as mobilizações de massas que começaram pelas redes sociais. A internacionalização do capital tem promovido também a internacionalização de um nível de resistência crescente. A universalidade do dinheiro tem sido questionada por quem não quer que o mundo seja resumido à mercadoria. E quando ações tomam uma dimensão de massas e um radicalidade pouco usual, quando massas irrompem na cena pública, então todos os explorados e oprimidos podem apreender. Quantas lições nos foram dadas pelo povo da Tunísia, do Egito, da Grécia e da Espanha! Até a educação pela segurança, a busca por não se arriscar, quando o capital provoca desemprego e insegurança, tem permitido também um maior questionamento ao domínio do capital. Nada disso quer dizer que o caminho é fácil. Mas não há dúvida que o confronto entre a revolução e a contrarrevolução está ganhando contornos mais claros.

Se não bastasse Zizek, receberemos David Harvey. Este inglês que vive há mais de 40 anos nos EUA é um gênio da explicação da obra mais importante do marxismo: O Capital. Seus cursos para entender O Capital na Universidade de Nova York são um estouro. Não creio que tenhamos um curso melhor. Ajudar a trazer David Harvey para o Brasil é um orgulho para a Fundação Lauro Campos. Afinal, Lauro Campos foi sem dúvida um dos melhores, senão o melhor economista marxista do Brasil. Sua obra “A crise completa”, também editada pelo Boitempo, é a melhor explicação escrita em língua portuguesa acerca da dinâmica da crise do modo de produção capitalista. Lendo um livro que foi escrito em 1999 (editado em 2001), apreendemos os mecanismos que fazem da atual crise mundial a crise completa prognosticada por Campos. David Harvey explica como ninguém a obra que revela a lógica do capital, de suas contradições, do desenvolvimento destas contradições e das crises cada vez mais completas que elas carregam. A conferência de Harvey, Para Ler O capital, é óbvio, que também não dá para perder. Afinal, se estamos entrando num novo período revolucionário, de tempos interessantes, é porque a crise aberta em 2007 não é uma crise qualquer. Depois de quase 50 anos de acumulação quase ininterrupta do Capital, de ultrapassagem de seus próprios limites, finalmente o capital terá que prestar de modo mais sério contas ao trabalho real que ele pretende sempre negar."

Programação completa da viagem de Zizek e Harvey ao Brasil:

Porto Alegre (RS)
Conferência:

Debates Capitais recebe Slavoj Žižek – De Hegel a Marx… e de volta a Hegel! A tradição dialética em tempos de crise
Conferencista: Slavoj Žižek
Data: 5 de março
Horário: às 19h
Local: Câmara Municipal de Porto Alegre
Endereço: Av. Loureiro da Silva, 255 – Centro
Inscrições serão abertas a partir do dia 20.02 (quarta-feira) e deverão ser realizadas pelo e-mail:zizek.poa@laurocampos.org.br.
A inscrição é gratuita. Vagas limitadas.

Conferência:
Para ler O capital
Conferencista: David Harvey
Data: 25 de março
Horário: às 19h
Local: Teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).
Endereço: Av. Ipiranga, 5311
Inscrições serão abertas a partir do dia 20.02 (quarta-feira) e deverão ser realizadas pelo e-mail:harvey.poa@laurocampos.org.br.
A inscrição é gratuita. Vagas limitadas.

REALIZAÇÃO | Boitempo Editorial, Fundação Lauro Campos, Emancipa e Câmara Municipal de Porto Alegre

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Venha para o PSOL – Um partido necessário



Atualmente em nossa sociedade uma ínfima minoria de milionários e poderosos vive explorando e oprimindo a maioria de nosso povo. Controla a economia e a política para manter e reproduzir sua vida de privilégios e de luxo. Creem que tudo tem preço, que tudo pode ser convertido em mercadoria. E todos os aparelhos do Estado, das Forças Armadas passando pelo parlamento e chegando até os grandes meios de comunicação, estão a serviço desta minoria. Não é diferente a situação dos partidos políticos. Distintas siglas defendem a mesma classe dominante. Seus líderes, deputados, senadores ou ministros defendem os interesses do capital e na maioria dos casos aceitam que até mesmo a honra seja mercantilizada.

Para lutar contra esta realidade acreditamos que os trabalhadores, os explorados e oprimidos, os jovens, as classes médias esclarecidas devem buscar se organizar. Para nós este deve ser o sentido de um partido político. Além das lutas contra a exploração, é necessário o combate em defesa dos direitos civis. Assim, é preciso reagir e combater o racismo, a homofobia, defender os direitos das mulheres e da juventude. E defender a natureza, que a classe dominante em sua sanha por mais riqueza e poder não hesita em destruir.

Desenvolver estas lutas é a razão de existência do PSOL. Nosso partido começou sua constituição em 2003. Suas bases são sólidas. Sua existência justificada. Não foi uma decisão derivada de uma decisão individual, de uma personalidade ou de um grupo político. Respondeu a uma necessidade histórica: manter viva a luta da esquerda e a representação genuína das bandeiras programáticas da classe trabalhadora e da juventude. Ao mesmo tempo, nosso partido surgiu negando as experiências totalitárias do stalinismo. Rejeitamos a obediência cega a um líder, seja ele parlamentar, presidente, secretário geral, nem aceitamos candidatos a messias. A emancipação da classe trabalhadora será obra da classe trabalhadora mesma. Este é um princípio do PSOL. Nosso partido surgiu defendendo o socialismo e a liberdade. Por isso somos um partido militante, uma associação de homens e mulheres livres com um programa anticapitalista.

Quando ficou claro que o PT havia aceitado fazer parte do jogo da política burguesa tradicional – com sua carga de fisiologismo e corrupção – e ao mesmo tempo resolveu seguir os ditames do FMI e aplicar os planos de ajuste de FHC e do PSDB, a ideia do PSOL ganhou vida. Dez anos depois estamos convencidos que a validade da existência do PSOL se confirma. Contra a velha direita e seus partidos burgueses, mas também sustentando a necessidade de coerência na defesa da esquerda.

Sabemos que construir um partido de novo tipo não é uma tarefa fácil. Exige tempo, paciência, dedicação e respeito ao processo coletivo de elaboração política. Exige saber ser maioria e minoria. Exige também, e, sobretudo, confiança na organização independente da classe trabalhadora e na sua capacidade de lutar e de se mobilizar por seus interesses.

Nestes dez anos de construção temos avançado muito. Ganhamos para nosso projeto muitos militantes e lideranças. Conquistamos respeito de parcelas de nosso povo e lutaremos para honrar cada homem e mulher que nos deposita o apoio, a amizade, o voto, a militância. Em 2012 tivemos uma enorme vitória, cuja maior expressão foi os quase um milhão de votos em defesa da candidatura de Marcelo Freixo a prefeitura do Rio de Janeiro, numa campanha de rua, militante, aguerrida.

Por tudo isso, de nossa parte, chamamos todos os nossos militantes a defender este projeto. Neste sentido queremos insistir uma vez mais em chamar a companheira Heloisa Helena a assumir seu lugar no PSOL Como todos sabem neste final de semana foi fundado o movimento para constituir um partido liderado por Marina Silva. E Heloisa esteve entre os presentes se apresentando como soldada de Marina. O problema, como veremos, é qual guerra Marina pretende comandar.

Fazemos este chamado não tanto por esperar que nossa ex-senadora o atenda, mas para deixar absolutamente claro que Heloísa Helena tem um imenso lugar reservado em nosso partido. Lamentamos sua decisão de apoiar Marina porque Heloísa foi fundadora do PSOL e nossa principal expressão pública nos primeiros anos de existência do partido. Depois, mesmo tendo apoio amplo, desistiu de ser representante nacional do PSOL. Embora o partido por unanimidade tenha reivindicado que ela fosse candidata presidencial nas eleições de 2010, a companheira resolveu se restringir a ser representante do povo de Alagoas. Respeitamos sua escolha. Mas sua decisão de acompanhar alguns poucos dirigentes do PSOL que estavam tremendamente questionados pela militância, dirigentes, estes sim, sem espaço no PSOL, em alguns casos por terem optado por fazerem parte de governos municipais do PT, em outros casos por estarem respondendo à Comissão de Ética do partido em função de suas relações (ainda) não convincentemente explicadas com empresários corruptos, é um grave erro que Heloísa está cometendo. Um erro que vai custar a impossibilidade absoluta de Heloísa se converter numa liderança dos trabalhadores brasileiros. A luta do PSOL seguirá.

O surgimento do partido ao redor de Marina Silva não representa nenhuma novidade importante. Embora seja expressão da crise dos partidos tradicionais, que não conseguem mais representar milhões de pessoas que querem apoiar uma forma de fazer política de acordo com interesses públicos, infelizmente Marina lança um partido que tem como objetivo principal apresentar seu nome para a disputa presidencial de 2014. Mas o problema deste projeto é muito superior a sua natureza de força política ao redor de um projeto meramente eleitoral. Ao se definir como um partido que não é nem de esquerda nem de direita e reivindicar os chamados avanços dos governos do PSDB e do PT, o partido liderado por Marina, infelizmente, se mantém nos marcos da sustentação de um regime político marcado pela defesa dos interesses do grande capital e pautado pelo a ideologia dominante de que não há possibilidade de uma sociedade controlada pelos trabalhadores e pelo povo. O partido liderado por Marina não será de defesa das reivindicações mais sentidas da classe trabalhadora, por melhores salários contra os grandes empresários, contra as privatizações da educação, da saúde, das grandes empresas então estatais – como foi o caso da Vale do Rio Doce. Não defenderá nem os bancos públicos nem a suspensão do pagamento da dívida pública que faz com que a maior parte dos recursos do orçamento da União sejam para sustentar as cinco mil famílias mais ricas do Brasil e o sistema financeiro. Não é à toa que entre seus líderes estão parlamentares do PSDB de SP, além de grandes empresários.

Por isso o PSOL, embora respeite e considere legítimo o surgimento deste novo partido, não deposita nenhuma ilusão em sua natureza. Trata-se de um partido que se limita a atuar numa linha de manutenção da atual estrutura economia e social do Brasil, uma estrutura dominada pelas grandes corporações internacionais e nacionais, pelo sistema financeiro e pelo agronegócio.

Assim, mais uma vez convocamos a todos nossos amigos e militantes a redobrar nossos esforços na construção de uma alternativa anticapitalista, democrática, dos trabalhadores e dos jovens. Junte-se a nós! Venha para o PSOL!

MES – MOVIMENTO ESQUERDA SOCIALISTA

CORRENTE INTERNA DO PSOL – PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mafalda dá o exemplo.


A renúncia do Papa tem um significado político

Henrique Carneiro - http://blogconvergencia.org/blogconvergencia/?p=975


A renúncia do Papa é apresentada como uma decisão pessoal, devido à idade. Evidentemente, é preciso buscar as razões de fundo para um gesto inédito nos anais recentes da Igreja e que enfraquece ainda mais a sua credibilidade.
Os pontificados ficam historicamente identificados com alguns dos fatos ou decisões mais importantes que marcaram esses períodos. O Papa Pio XII, contemporâneo do nazismo e aliado de Hitler na sua ascensão ao poder, ficou indelevelmente marcado por essa aliança. Mais no passado, o que resta na memória popular de Papas como Rodrigo Borgia, ou Alexandre VI, senão a reputação cruel e devasso, que nomeou o próprio filho Cesare Borgia, além de muitos outros parentes, como cardeais? De Júlio III, a nomeação como cardeal-sobrinho do amante de 17 anos, Innocenzo.
De Joseph Ratzinger, o Bento XVI, o elemento mais marcante de seu pontificado, antes da renúncia, parecia que iria ser a denúncia pública da pedofilia no clero. Poderá essa renúncia tirar o foco desse problema e sua sucessão lançar uma cortina de fumaça que oculte a série de escândalos?
Trago nestes breves comentários, de alguém que não é um vaticanólogo, apenas algumas evidências disponíveis para qualquer leitor de jornais de que essa renúncia não é um raio em céu claro. Que evidências são essas?
As de que o Vaticano viveu no pontificado de Bento XVI uma crise já antiga de perda de influência social e política, agravada pela perda da credibilidade moral com os escândalos de pedofilia. Mas ao se tratar dessa instituição, não se deve esquecer que ela é, do ponto de vista financeiro, uma das maiores multinacionais do planeta, com investimentos em bancos, corporações, reservas de ouro, etc. (MANHATTAN, 1983 mostrou a dimensão dessa fortuna).
No ano passado, a Igreja Católica viveu outra crise com as revelações de corrupção e negociatas feitas a partir dos documentos vazados pelo mordomo do Papa, no que ficou conhecido como Vatileaks. Dessa vez, a culpa não era do mordomo, que foi preso, processado, condenado e depois perdoado.
O Banco do Vaticano (o “banco mais secreto do mundo” como diz a revista Forbes (JORISH, 2012) é o IOR (Instituto das Obras da Religião), fundado em 1942. Nesse período o Vaticano vinha de uma colaboração com o regime nazista, por parte de Pio XII, mas, ainda antes disso, de uma colaboração mais estreita com Mussolini, que concedeu ao Vaticano em 1929 a assinatura do Tratado de Latrão com o estado italiano.
Esse tratado, também conhecido como Concordata foi o que permitiu o reconhecimento do Vaticano como um Estado dentro de outro Estado, incluindo a gestão das próprias finanças e a manutenção da influência política sobre a Itália que ficava com o catolicismo como religião oficial, o ensino confessional nas escolas públicas e outras vantagens ao clero. Só em 1978, houve uma alteração que tornou a Itália uma República laica e o divórcio foi aprovado.
Rompendo o isolamento em que o Vaticano havia ficado desde a vitória da república italiana em 1870, Mussolini concedeu também vultosas indenizações à Igreja. Parte desse dinheiro foi aplicado em Londres em aquisições imobiliárias que hoje alcançam o valor de cerca de meio bilhão de libras esterlinas, embora o valor real permaneça secreto, apesar das denúncias recentes do jornal Guardian (LEIGH; TANDA; BENHAMOU, 2013).
Os interesses econômicos do Vaticano também estão sendo afetados pela crise global, o que levou inclusive que em 2012 ocorresse o maior déficit fiscal em muitos anos no Vaticano, de cerca de 19 milhões de dólares (VATICAN, 2013). Nessa crise também incide o custo financeiro com os processos por pedofilia.
Os escândalos de pedofilia, além do custo moral, têm um preço econômico com os processos e indenizações, que só nos EUA, chegaram a três bilhões de dólares em mais de três mil processos abertos, com 3.700 clérigos denunciados, 525 presos, a maioria dos quais condenados e cumprindo penas.
Desde os anos de 1950 até hoje cerca de seis mil sacerdotes já foram denunciados nos Estados Unidos por abusos sexuais contra crianças, o que equivale a 5,6% do total do clero estadunidense (SCHAFFER, 2012). Figuras de proa da Igreja, como o líder dos Legionários de Cristo, no México, Marcial Maciel forma denunciados por pedofilia e outros abusos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Gelsimar Gonzaga (PSOL), prefeito de Itaocara: Governando com o povo trabalhador!


Por Marco Antônio em 23 de janeiro de 2013

 
Como acontece a cada quatro anos, este primeiro de janeiro de 2013 assistimos ao juramento e a posse dos candidatos eleitos nas eleições municipais. O que geralmente é uma cerimônia bastante formal e de pouca importância para a população, desta vez, numa pequena cidade do noroeste fluminense um fato diferente chamou a atenção da população, da vanguarda desse estado e de vários lugares do país.
Itaocara, um município historicamente administrado pelos representantes dos grupos de poder que se alternam no governo do estado do Rio de Janeiro, empossou um Prefeito “fora da ordem”. A eleição de Gelsimar Gonzaga, filho de uma humilde família, trabalhador rural, bancário e fundador do sindicato dos funcionários da prefeitura coroa uma historia de luta e coerência em defesa dos interesses do povo pobre e trabalhador.
O primeiro sinal de que era um prefeito “fora da ordem” foi o não comparecimento de seu antecessor no cargo para repassar o mandato ao prefeito eleito pelo PSOL. As elites da região não conseguem engolir que este dirigente sindical, com idéias socialistas, pertencente ao pequeno PSOL, que durante anos denunciou a corrupção, as falcatruas e o descaso das autoridades com as necessidades da população, tenha chegado à Prefeitura sem se valer do dinheiro, dos aparatos e da influencia dos poderosos.
A posse oficial colocou em evidência os problemas que iremos enfrentar. Ausente à cerimônia, o prefeito saliente pediu ao presidente da Câmara para entregar as chaves da cidade e ler uma mensagem onde supostamente revelava a “verdadeira situação do município e as bondades de sua gestão” em obvio contraponto às denuncias feitas por Gelsimar durante a campanha. O documento, que tentava embelecer a administração anterior mostrando contas com supostos superávits, era mais uma mentira: esses valores já estão todos comprometidos com dívidas a pagar pela nova gestão. Além disso, existem vários precatórios que aumentam essa dívida e mais 28 liminares exigindo a compra de remédios, realização de consultas e cirurgias, todo o qual compromete seriamente as contas do município para este ano, colocando em risco os compromissos sociais que deveremos resolver.
Mas se a posse protocolar nos colocou frente a graves problemas, a posse de verdade, a que protagonizamos junto à população trabalhadora, nos permitiu perceber que contamos com a força necessária para enfrentar e superar as dificuldades. A caminhada da Câmara até a Prefeitura foi, literalmente, feita nos braços do povo. Acompanhados pela população, no edifício municipal, Gelsimar e seu Vice Juninho saudaram o povo desde a sacada do prédio. De imediato, se dirigiram à concha acústica, no centro da cidade, onde, em médio de flashes e muita alegria, realizou-se um importante ato. A importância do ato foi confirmada pela massiva presença da população de Itaocara, mais de 1.500 pessoas ocuparam a praça e suas adjacências deixando claro, mais uma vez, que é a verdadeira protagonista do triunfo do PSOL e de Gelsimar na cidade. Prestigiando o evento, assistiram delegações de vários municípios da região e dezenas de companheiros psolistas que percorreram muitos quilômetros para dizer Presente! frente a um fato que reacende as esperanças dos que lutam por justiça social. Não menos importante foi a presença de dirigentes nacionais e regionais do partido, entre os que merecem destaque o deputado federal Chico Alencar e o ex-deputado federal Babá, um dos fundadores do PSOL, que compartiram o palco com o prefeito, seu vice e os secretários recentemente designados.
Vários foram os pontos altos dessa verdadeira festa popular em cujo palco, não por acaso, se destacava a legenda: “Governando com o povo trabalhador”. Chico e Babá fizeram questão de ressaltar as características da nova administração que se comprometeu desde a campanha eleitoral a combater a corrupção e os privilégios, trabalhar com transparência e contas abertas à população e governar mediante conselhos populares que serão os que vão a marcar os rumos. Foi o que de forma emocionada definiu Gelsimar no seu discurso: “Com o povo trabalhador no comando, tenho certeza de que juntos, iremos construir dias melhores para nossa cidade”.
Outro momento importante foi a apresentação dos secretários que irão ocupar as diferentes pastas. Na sua grande maioria, funcionários públicos das mesmas áreas que irão administrar, muito deles, como fez questão de ressaltar Gelsimar, antigos grevistas. A outra particularidade relevante deste secretariado é que nas pastas de educação, saúde, agricultura e obras, seus titulares foram eleitos em assembléias do setor depois de propostos por Gelsimar o que, ao ser anunciado, foi saudado calorosamente pelos presentes em reconhecimento a uma nova forma de governar.
Escoltado por seu secretariado e os dirigentes do PSOL, Gelsimar aproveitou para resumir os principais compromissos de seu governo dentre os que cabe destacar: realizar uma auditoria nas contas públicas da Prefeitura e entregar o resultado para a população e para as autoridades da justiça; combater os privilégios, a começar pelo salário do prefeito que será reduzido em 20%; aprofundar o realizado na nomeação de alguns secretários com o povo decidindo: para tanto organizar conselhos populares para que tudo seja discutido e decidido de forma coletiva; inverter as prioridades e governar especialmente para o povo trabalhador e mais pobre; conceder 100% de subsídio para o transporte aos universitários que estudam em outros municípios; fazer concurso para a área da saúde, para Gari e outras áreas, além de nomear os aprovados no concurso vigente; realizar reparos emergências nas creches e escolas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Tudo isto combinado com a melhor organização do Carnaval de Itaocara, uma festa clássica da cidade e da região.
O Ato foi encerrado com muito entusiasmo sob o tremular das bandeiras de Brasil, do município e do PSOL, com a entonação dos hinos de Itaocara, Nacional e da Internacional Socialista. Este último, um fato verdadeiramente inédito neste tipo de eventos, foi anunciado com muita naturalidade, cantado pela militância socialista presente e acompanhado respeitosamente pela população. Depois disso, a população se engajou na festa com muita música e animação, esperançosa de iniciar uma nova história, a história que começou a contar Gelsimar quando expressou: “de agora em diante, as autoridades deste município são seus empregados, vocês pagam nosso salário, vocês estão no comando”.

Marco Antônio é chefe de gabinete da prefeitura de Itaocara

Carnaval tem que ser sem nenhum tipo de violência!

Campanha das mulheres do PSOL.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AVANÇA A FORMAÇÃO POLÍTICA E A ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES DO PSOL PELOTAS



Aconteceu na tarde deste último domingo, dia 03 de fevereiro, na sede do partido, a I Roda de Debate Feminista das Mulheres do Psol Pelotas, que contou com a participação de militantes do partido e também de outros movimentos e coletivos.

Na sua primeira parte, a atividade foi mediada pela militante do Psol e pesquisadora Mariluci Vargas, mestre em História pela Unisinos, que abordou as lutas e as conquistas das mulheres e do feminismo ao longo da história, especialmente no Brasil, estimulando assim o debate e a reflexão coletiva. No momento seguinte, esteve em pauta a atualidade das lutas das mulheres e do feminismo no Brasil de hoje, com a mediação da também militante do Psol e pesquisadora do assunto, Dieni Rodrigues, mestre em Sociologia pela Ufpel.

Especiais agradecimentos para Mariluci Vargas, Dieni Rodrigues e também Luana Bassa, estudante de Museologia da Ufpel, que organizaram e viabilizaram essa importante atividade de formação política, que além de contribuir para a organização das mulheres do Psol Pelotas, faz avançar a construção do Psol como um partido de esquerda combativo e aglutinador das demandas populares, democráticas e feministas.